domingo, 25 de março de 2012

A Costura e a Camisa



Com a camisa rasgada nas mãos
ia costurando as amarguras da vida.
Pegou a agulha do chão
e resolveu consertar tudo!

Começar pelo avesso, por dentro:
vestiu a camisa avessa ao corpo
e o corpo desnudo avesso a camisa,
e no final das contas percebeu que não tinha consertado nada!

Quando reparou em tentar de novo
percebeu que tinha deixado a agulha dentro da alma...

sexta-feira, 16 de março de 2012

9 Bandas (parte 9)



 THE VERVE



Vindo do início dos anos 90, em meio a onda "britpop" protagonizada pelas bandas OASIS e BLUR, injustificadamente o brilho do THE VERVE ficou ofuscado em meio ao embate midiático referente as duas bandas já citadas, pois em minha opinião, musicalmente falando, tanto as letras, quando a virtuose das guitarras superam em muito OASIS e BLUR, atingindo uma profundidade existencial que só o THE VERVE consegue alcançar, como por exemplo na letra de uma de suas melhores e mais conhecidas músicas: BITTER SWEET SYMPHONY (acusada de plágio por MICK JAGGER, diga-se de passagem): I am here in my mold / But I'm a million different people / from one day to the next / I can't change my mold, e na força das guitarras da música ROLLING PEOPLE, do álbum URBAN HYMNS (1997).
Vale destacar também a forma como Richard Ashcroft, o vocalista da banda, interpreta as canções ao vivo, sempre de forma muita intensa, de maneira quase catártica, potencializando ainda mais o sentido existencial incutidos nas letras das músicas da banda.
Com quatro álbuns de estúdio o THE VERVE conseguiu deixar a sua marca registrada no mundo do rock, e entre términos, voltas e términos da banda novamente, fica a mensagem da música A NEW DECADE, do álbum A NORTERN SOUL (1995): A new decade / The radio plays the sounds we made / And everything seems to feel just right / Coming through your lonely mind.


1. A primeira música


BITTER SWEET SYMPHONY





2. Uma das músicas favoritas

LIFE'S AN OCEAN






3. Uma música que todo conhece

LUCKY MAN






4. O melhor clip

LOVE IS NOISE





5. Uma música para agitar o estádio

THIS IS MUSIC






6. Uma música para um momento depressivo


FEEL





7. Uma música para um momento de redenção (depois da depressão)

RATHER BE





8. Uma música para caminhar e se sentir perdido


6 O'CLOCK





9. Uma música pessimista


ON YOUR OWN






10. Um ótimo b'side

MONTE CARLO

segunda-feira, 12 de março de 2012

A Bíblia Sagrada de Salastrapião - Fragmentos



E Melkibelec ao ver as mãos de Babaquil junto aos seios de Lorian dignou-se a dignar-se de ser indigno de lançar os olhos a mulher escolhida pelo senhor de Babaquil dizendo: "Belos seios tem Lorian". Alquizebeu 6:3


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Aquimeudeus disse para Aliteudeus: Onde está seu Deus? Até que a voz imponente de Salastrapião surge entre as nuvens por meio de uma pomba branca e diz: Ai meu Deus! Salastrapião 11:21


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Aquele que vier até mim tomará da árvore de Trosglosfael. E aquele que for até ele chegará caminhando pelo caminhos dos justos: - E eis que chega a hora Trosglosfael, descei voando sem asas e caminhe sobre uma perna só, pois aqueles que possuem apenas uma perna, apenas uma perna só possuem. Salastrapião 15:4


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sexta-feira, 9 de março de 2012

A Criatura Existente


A criatura existente
se viu de repente
caída no chão
cuspindo

A sua vida inocente
jogada na lama
caída na cama
morta

A sua porta sem batente
a casa mambembe
quase voando
fraca

A criatura existente
se viu descontente
sangue no dente
seco

A criatura tão crente
em Moisés sorridente
arros e feijão
fome...

A criatura tão pobre
com frio e sem nome
existe e se esconde
onde?

A criatura tão viva
se acha e se perde
e se perde não ganha
tenta

Ser apenas uma criatura
pequenina e nua
tão sã e tão pura
na rua

A criatura criada
centeio de prata
sem ter tesouro algum
fim

quinta-feira, 8 de março de 2012

Síndrome do Pôr do Sol

Três pessoas em um barco:
pai, mãe e filha
se viam isolados no meio do oceano
fazia frio, era uma tarde nublada

A síndrome do pôr do sol estava prester a se iniciar
e de chofre o olhar dos três se encontram,
havia tempos que isso não acontecia,
mesmo ali, presos, tão próximos

Seus olhos não se miravam e também
há dias estavam com sede e cada um
ao seu modo, procurava resgatar o amor
que secava debaixo do sol ardente

Porém a água não havia secado
estavam todos cercados por ela,
de água salgada, de água azul,
água abundante, a água que se estendia até o infinito

Mas que tanto faltava dentro do barco
e que para matar a sede da filha, o pai
com dó resolve lhe lançar ao mar
antes que ela mesma pudesse dizer: Pai, eu te amo

E que em seguida cai em prantos
trazendo a água de volta ao lar
vendo nos olhos da mãe a expressão
de alívio, como se quisesse efetuar o mesmo havia dias...

Até que ela mesma também resolve se lançar
assim, de repente, sem nem lhe dar
a oportunidade de dizer:
Não, eu nunca te amei! deixando-o só...

E assim, como naquela tarde o sol ia se pondo
mãe e filha também se puseram ao mar
e seus fantamas iam deslizando sobre a superfície do oceano
o pai, amuado só ia com olhar acompanhando

Como se não tivesse mais nada a perder
pois tudo que possuía ali naquela tarde já tivera se perdido...