só pensamos coisas
porque coisa pouca
não somos.
só comemos coisas
poucas.
não.
só nos alimentamos no
almoço (ou) na
janta.
só tomamos café (ou)
tão somente
pó.
sólido (ou) sem açúcar.
sólido (ou) só.
no sol
se caminha muito
(ou) pouco
a pé.
só isso? (ou) tem mais?
(caminhar) mais (ou)
menos (só)?
Remanso
terça-feira, 6 de junho de 2017
quinta-feira, 22 de outubro de 2015
Six Feet Under (Everything Ends)
Ano de 2001. A rede de canal fechado HBO, já com a série The
Sopranos no ar desde 1999, série ganhadora de vários prêmios Emmy,
decide lançar ao ar mais uma de suas produções originais: Six Feet
Under.
No final da década de 90 e começo dos anos 2000, a HBO iria
apresentar um novo modelo de seriados para televisão, apresentando
duas séries, Oz, iniciada em 1997, e a já citada, The Sopranos. O
que elas teriam de diferente com relação as séries já existentes
nesse período? O canal investe em temporadas para as suas séries
com número de episódios menores, 12 episódios, em média, com
duração de aproximadamente 1 hora cada, produções com qualidade
de cinema, e, o fundamental: elaborar roteiros com histórias
complexas, personagens com profundidades psicológicas
impressionantes, além de retratar certos assuntos de forma polêmica
para os padrões da televisão à época, como por exemplo, como é
retratada a comunidade italo-americana em Sopranos, e a forma como
nos é mostrado o cotidiano em uma prisão de segurança máxima no
seriado Oz. E você me pergunta, o que Six Feet Under tem a ver com
isso? Tudo.
Nathaniel Fisher Jr. |
Nathaniel Fisher e Nathaniel Fisher Jr. Reencontro de pai e filho após a morte |
Keith Charles, David Fisher e Ruth Fisher no enterro do marido. |
Brenda Chenowith, esposa de Dave. |
Federico Diaz
(Freddy Rodríguez),
o embalsamador da
funerária e
homem de confiança
da família.
|
Dave e Claire Fisher, o casal de irmãos mais adorado da série. |
Por fim, a série
termina como começou, com a morte de um personagem, mas aí, cinco
temporadas após os atentados de 11 de setembro, as cicatrizes da dor
da perda de milhares de pessoas já estavam curadas, e Six Feet Under
pôde nos fazer olhar a morte por uma outra perspectiva: de que é
ela não é o fim, é apenas o começo de uma nova história.
sexta-feira, 22 de novembro de 2013
Notívagos
história baseada no quadro “Notívagos” - 1942, do pintor americano Edward Hopper
- Oi.
- Oi.
Não se
sabe ao certo quanto tempo levou até ela tomar a iniciativa, disse
novamente:
- Oi,
esperando que dessa vez ele olhasse.
- Oi, ele
respondeu, dessa vez demonstrando um pouco mais de interesse, mas
ainda sem se virar para ela.
Estavam
dentro de um bar localizado num cruzamento de ruas movimentadas,
porém, pelo horário já tardio da noite, não se via movimento
nenhum na rua, que era iluminada por uma luz meio opaca vindo de
algum poste ali por perto. A faxada do bar era toda de vidro,
qualquer um que passasse pela calçada poderia ver o lado de dentro:
um balcão triangular, dentro dele um garçom. De frente para o
garçom, um homem e uma mulher, ele, usando roupa social e um chapéu,
ela, batom e vestido vermelho, cabelos loiros. Do lado oposto a eles
no balcão, um outro homem também usando roupas sociais e tomando
café, completamente indiferente aos outros no bar.
- Oi, ela
falou novamente, arqueando um pouco a sobrancelha e olhando para a
ponta da unha do dedo médio esquerdo. Eles estavam muito próximos
um do outro, a cena soava quase como um flerte.
- Oi, ele
respondeu, olhando para um ponto fixo do lado de fora do bar.
Lá fora
parecia que nada poderia quebrar o silêncio daquela noite que
pretendia ser mais uma como todas as outras, e na verdade seria
mesmo. Quem passasse pela calçada do bar naquele exato momento,
teria o sentimento de que o tempo ali tivesse sido congelado.
- Por que
você veio aqui? Ela perguntou.
- Bem,
você me pergunta isso todas as noites não é?
- É, mas
é engraçado...
- O que é
engraçado?
- É
engraçado porque a cada vez você sempre responde uma coisa
diferente, então, por que você veio aqui?
- Você
tem razão, é por isso que nossas vindas aqui tornam esse café tão
interessante. Eu escrevo.
- Sobre o
quê? Ontem você disse que fazia quadros, ela disse, e riu.
- Ora,
pensei que você fosse mais observadora, nós estamos dentro de um
quadro, eu o terminei de pintar ontem, ocorre que hoje estou
escrevendo sobre ele.
- E onde
está o papel então?
- Garçom!
ele disse, ao passo que o garçom, que estava lavando alguns copos na
pia repentinamente o atendeu:
- Sim,
pois não? Num tom cordial.
- Você
teria um papel e caneta?
- Sim
senhor, aqui está, pegando um bloco de papel e uma caneta de tinta
azul que estavam próximo ao caixa.
-
Obrigado. Agora, você vê que essa mulher não acredita que estamos
dentro de um quadro?
O garçom
que já ia se virando para a pia para voltar aos seus afazeres, se
volta ao homem usando terno, fitando com um ar curioso, e diz:
- Bem
senhor, nem todos tem uma capacidade de observação tão aguçada
não acha? Nesse momento, ele olha para a mulher com vestido vermelho
- que por sua vez parecia não ter notado as últimas palavras do
garçom, e continua – Talvez a senhora não tenha notado que ontem,
esse outro homem de terno, desse outro lado do balcão, não
estivesse aqui - o homem ao qual o garçom se referiu, ao ser
mencionado não teve nenhuma reação, continuou tomando seu café.
- Não,
não estava mesmo, ela concordou, porém sem mostrar nenhum espanto
ou inquietação, dessa vez olhando para a ponta da unha do dedo
médio da mão direita.
- Logo,
veja bem que a pergunta que a senhora fez a esse senhor ao seu lado
se faz necessária todas as noites, e creio que os dois vem aqui
todos os dias justamente pelos mesmo motivos.
- E quais
seriam esses motivos? Ela pergunta, e pela primeira vez olhando nos
olhos do garçom, com uma curiosidade sincera, porém não
acreditando que ele soubesse a resposta. Ele, por sua vez, se
aproxima dela e num tom muito carismático responde:
- Pelo
motivo de que todo quadro necessita de personagens não é? Só assim
poderia se criar uma boa história...
Com um
leve aceno de cabeça a mulher concorda, e nesse momento, o homem de
terno, como se ele mesmo tivesse acabado de escrever a sua própria
história particular, guarda o bloco de notas em seu bolso e vai em
direção a porta de saída, ainda sem encarar o olhar da mulher ao
seu lado, e, passando pela porta, atravessa a rua ao lado oposto do
bar para seguir seu trajeto. A mulher de vestido vermelho, por sua
vez, toma o último gole de conhaque em seu copo e também sai, segue
pela calçada à direita.
O garçom,
vendo que os dois últimos clientes saíram, apaga todas as luzes do
bar, mudando a placa da porta para fechado, sai, a tranca pelo lado
de fora e vai embora tomando o caminho da esquerda, dobrando a
esquina, e quando olha pela última vez para dentro do bar pela
faxada de vidro antes de continuar seu caminho, se dá conta de que
o outro homem de terno havia ficado trancado no bar. O garçom para,
observa o homem vendo as suas costas e pensa se é melhor voltar e
convidá-lo a se retirar, mas percebendo que ele ainda não tinha
terminado de tomar o seu café, achou melhor não o importunar, fez
um leve gesto com os ombros continuou o seu caminho de volta para
casa.
Quadro
que já inspirou algumas cenas de filmes de cinema, principalmente os
filmes do gênero 'noir', “Notívagos” é um dos quadros mais
conhecidos do pintor Edward Hopper, falecido em 1967.
Vindo da
geração de pintores do 'realismo', Hopper adicionava às suas
imagens, elementos que pudessem trazer um certo distanciamento entre
os elementos, causando uma sensação de isolamento entre os
personagens, mesmo que em algumas situações eles estivessem
próximos, como no quadro já citado acima.
Nele,
temos o homem e a mulher sentados, porém, indiferentes um ao outro.
Temos também o homem de frente para o casal e de costas para o
espectador, com uma postura de quem não está se importando em nada
com o que está ocorrendo ao redor, e por último, temos o
balconista, que poderia representar a tímida tentativa do espectador
de estabelecer algum contato visual com algum dos outros três
personagens solitários na pintura. O fato de a luz dentro do bar
ser o único ponto de luz no quadro inteiro, potencializa ainda mais
a sensação de afastamento dos personagens do quadro com relação
ao mundo exterior.
Assim, é
que o pequeno conto acima dialoga com o quadro de Hopper: dois
personagens que, mesmo se vendo todos os dias, não se conhecem, pois
acabam sempre caindo no mesmo assunto, fazendo as mesmas perguntas, e
sem manter nenhum tipo de contato visual; um homem sentado de frente
para o casal, mas que não esboça nenhuma reação diante do diálogo
dos outros três personagens e ainda acaba sendo deixado sozinho no
bar depois de fechado e por último, o garçom, único que tenta
manter um contato visual com o casal.
segunda-feira, 29 de julho de 2013
BLUR + GORILLAZ + GRAHAM COXON + DAMON ALBARN
Tudo isso em apenas um show
Já fiz uma publicação em 2011 nesse mesmo blog sobre a banda BLUR, porém, devido a proximidade da vinda da banda para o Brasil para participar do Planeta Terra Festival, faço uma nova e merecida publicação.
Havia comentado que junto com Oasis, foi a banda que ajudou a trazer de volta o prestígio ao rock britânico em meados dos anos 90. Álbuns como Parklife (1994), com as canções Girls & Boys, Parklife e London Loves, vieram mostrar a irreverencia britânica sobre como fazer piadas sobre si mesmo, e mais tarde, o álbum 13 (1999), já com a onda britpop em decadência, veio mostrar a versatilidade da banda em produzir sons diferentes, uma fase, talvez nesse momento não mais inspirada pelo seu principal líder, Damon Albarn, mas sim pelo guitarrista Graham Coxon, utilizando muita distorção nas guitarras, uma sonoridade mais norte-americana.
Essa forma de se reinventar durante os anos fez parte do amadurecimento de cada integrante da banda, gerando projetos paralelos pela maioria deles, exceto pelo baterista Dave Rowntree, que durante o período em que a banda não esteve na ativa, se dedicou a trabalhar num escritório de advocacia.
Alex James, baixista, investiu na carreira de escritor, e em 2007 lançou um livro sobre a biografia da banda, "Bit of a BLUR", e atualmente também investe na carreira de cineasta dirigindo alguns curta-metragens.
Graham Coxon, guitarrista, após se desligar da banda, seguiu uma carreira solo de sucesso, com álbuns como Love Travels At Illegal Speeds (2006), com a música Standing On My Own Again e com o álbum The Spinning Top (2009), com a música Perfect Love.
Agora, bem, Damon Albarn, o quê dizer sobre Damon Albarn?! Uma figura que se tornou conhecida não só pelo imenso sucesso que fez com o BLUR nos anos 90, mas também por criar diversos projetos paralelos no meio musical, e diga-se de passagem, sempre projetos com parcerias de grande sucesso, exemplos não faltam:
- criador da banda Gorillaz, um grupo virtual, com sonoridade que mistura música eletrônica, hip hop
- criador em 2007 do projeto paralelo The Good, The Bad & The Queen, que conta nada mais nada menos com o ex-baixista do The Clash, Paul Simonon, ex-guitarrista do The Verve, Simon Tong e o baterista da banda Africa ‘70 de Fela Kuti, Tony Allen.
- tem participação no cd Heligoland (2010), do grupo de trip hop Massive Attack, na faixa Saturday Come Slow
- participação no cd Deltron 3030 (2000), do raper Deltron 3030, na faixa Time Keeps on Slipping
- cd solo em 2012, intitulado Dr. Dre um projeto que trás um sonoridade um tanto quanto diferente, parecendo que foi gravado com um grupo de monges tibetanos, trazendo canções como Apple Carts e Saturn
Por tudo isso, o BLUR, não é um grupo que ficou estacionado nos anos 90. O sucesso alcançado por cada membro do grupo permitiu que ouvessem desdobramentos de seu sucesso, sejam eles no cinema, na música, ou até mesmo na recente conciliação entre Damon Albarn e Noel Galagher, que recentemente cantou um dos maiores sucessos do grupo num show em Londres, diante de vários fãs emocionados. Liam, agora só falta você.
Parabéns BLUR. Parabéns Graham. Parabéns Dave. Parabéns Alex. Parabéns Damon! Aguarderei ansiosamente por esse show!
1 - PARKLIFE
Uma das principais músicas da banda que ajudou a alçar o álbum Parklife (1994), para o topo das paradas britânicas no mesmo ano em que o cd foi lançado e a consolidar o grupo como uma das principais bandas da década
2 - BEAGLE 2
Beagle foi o nome dado a um robo criado pelo serviço espacial europeu. Foi lançado no espaço e a ideia era que quando ele aterrizasse em Marte, em 2001, o primeiro sinal que enviaria à terra seria a música Beagle 2, criada pela banda justamente para esse intuito, porém ainda hoje se crê que o robo Beagle ainda está em órbita, e até agora nenhum retorno da música...
3 - SING
Música feita para integrar a trilha sonora do filme Trainspotting (1996), dirigido por Danny Boyle, diretor também de 127 Horas (2010) e Quem Quer Ser Um Milionário? (2008). Trainspotting quando lançado ajudou a fortalecer a cena musical brit pop, tendo pego várias bandas importantes desse período para também fazer parte da trilha do filme, como PULP, ELASTICA, PRIMAL SCREAM e o grupo de música eletrônica UNDERWORLD.
4 - TENDER (com participação emocionate de Noel Gallagher, ex-Oasis, que protagonizou a maior rivalidade de egos entre bandas da década de 90, cantando um dos maiores sucessos do BLUR)
5 - Gorillaz
DO YA THING
Clipe muito louco com uma figura verde estranha, porém simpática. Participação de Andre 3000 e James Murphy
6 - Graham Coxon
PERFECT LOVE
7 - The Good, The Bad & The Queen
THE GOOD, THE BAD & THE QUEEN
8 - Massive Attack (feat. Damon Albarn)
SATURDAY COME SLOW
9 - Deltron 3030 (feat. Damon Albarn)
TIME KEEPS ON SLIPPING
10 - A SLICE OF LIFE
Recente curta-metragem de Alex James, baixista da banda
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