sexta-feira, 8 de junho de 2012

Ares de Modernidade


Aquele ar de modernidade
tão recente quanto o próprio
ser que se apega ao passado
e gira girando no quadrado.

E ser quadrado numa época
em que respira ares de modernidade
tão só se faz inadequado
quanto a paz se faz desnecessária

Pois a cada afago, falso,
ou verdadeiro, a cada abraço
frouxo ou apertado e derradeiro
é quase como comparar um cão a um cordeiro

Que se colocam disparidades
em sua frente, visíveis, claro,
mas que em tempos de ares modernos
são apenas trejeitos, pequenos e modestos

Um ar moderno, de respiração
longa e precavida, sempre desconfiada
aliás, porque não ressentida
de poder respirar mais, mais e mais modernidade

Pois tudo o que ainda se vislumbra hoje,
não é nem o começo do que será visto amanhã
isso é, se tivermos ainda o que ver daqui alguns anos,
pois o que se pronuncia

Que é o que não está escrito
em nenhum livro sagrado
e que ninguém até hoje jamais escreveu
é que o ar é rarefeito

Raro efeito de uma força consubstancial,
uma mera circunstância da dinâmica
improvável de provar sempre o contrário:
que a modernidade acabou!

Pois quando fechamos e abrimos os olhos
já somos e estamos tão antiquados
quanto os homens de séculos
tão anteriores quanto o nosso!

E assim o ar se desfez
e de novo o homem volta ao pó.

Assim se fez escrito.

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