sábado, 23 de junho de 2012
Duas Cores
Lá se ia com o pensamento em pedras cegas,
envolta numa colcha de retalhos
de apenas duas cores
a moça de volta a cabana.
Pelo caminho procurava pela luz da lua
e pelo som das folhas de oliveira,
mas mal sabia que naquela noite
elas queriam se esconder
de uma certa nostalgia,
de uma certa loucura,
de uma certa luz que incomodava
pois a luz que brilhava, brilhava para trás
iluminando tudo o que já se tinha ido...
e até que pensando nas pedras cegas novamente
tropeçou na colcha de retalhos
que cobria o seu corpo frio,
percebendo que ao encontrar a luz que ia para trás
a sua colcha não tinha só duas cores,
tinha forma de cores,
tinha jeito de cores,
tinha cores em cores
e flores nas flores
e que na luz tinha vida
e que na falta dela também,
e que se por muito não brilhavam
por tão pouco sombreavam
aqui e ali,
um pouco de tinta e tecido
naquelas pedras cegas
naquelas pedras mudas
naquelas pedras caladas
naquelas pedras perdidas
e que nas perdidas pedras
pouco coloridas
pisadas e colocadas
bem no meio da vida
alí, caída, ela não podia ficar dividida
entre duas cores, tão pouco entre dois amores
até que então, decidida, depois de erguida
resolveu se pintar de uma cor só
acabando com o tormentos da vida.
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