- Por que você
não morre logo?
Essas foram as
últimas palavras que eu escutei da pessoa que em vida eu amava e que
se certa forma até que de mim cuidava, mas cuidava assim: eu saia,
bebia, fumava, e quando chegava era recebido com pancada. Isso lá é
amor? Realmente gostaria de saber, vocês acham que isso é amor? Lá
no altar ela havia me prometido que iria me amar, me prometeu isso
sobre o juramento de Deus que o faria, fosse na saúde ou na doença,
na alegria ou na tristeza, na riqueza ou na pobreza ela deveria me
amar! E no entanto quando bebo e fico alegre, e diga-se de passagem a
pessoa mais alegre do mundo, ela não quer compartilhar a minha
alegria. Quando chegava pulando em cima dela com a gola da camisa
esgarçada, cambaleando pela calçada, vendo as luzes embaçadas ela
já vinha afoita para me bater, e depois, bem, depois de fazer
escândalo no meio da rua, vinha a pior parte, ia me arrastando para
dentro da casa, as vezes até me puxando pelo cabelo, me levando até
o chuveiro. Nesse momento eu até pensava que ela estava me levando
pra ducha que era pra gente fazer amor... mas que nada!
Era o
inferno, era água fria na cabeça: Seu desgraçado!, ela falava! E
eu ficava lá, só olhando, admirado, caído, a água escorrendo pela
minha cabeça e eu pensando, meu amor, meu amor! Você me trata tão
bem, tão bem! E amanhã eu vou comemorar, amanhã eu vou beber de
novo! Ô mulher boa que o senhor me deu Senhor!
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